terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Declaração de amor!

Foi um susto. Dos maiores. Recebi uma ligação, número desconhecido, já passava da 1h da manhã. Era minha amiga, em prantos, que disse "Dri, fui sequestrada!". A ligação encerrou-se aí. Claro que o pânico me tomou por inteira, pois, como já falei certa vez, não nascemos com manual e eu não tinha a mínima idéia do que fazer numa situação dessas.

Vesti uma roupa por cima do pijama, ligava desesperadamente para o 190, mas a ligação não completava. Não sabia o que fazer. Não me lembro quantas vezes fui da sala ao quarto feito barata tonta que levou uma borrifada de veneno.

Foi quando recebi a segunda ligação, mesmo número, minha amiga um pouco mais calma conseguiu completar "estou bem" e passou o telefone para a dona de casa que lhe tinha dado abrigo. Depois de recebido o endereço de onde minha amiga estava, liguei para a polícia e consegui relatar, também aos prantos, o que havia acontecido e onde minha amiga estava.

Eu era adolescente quando ouvi, pela primeira vez, de uma amiga mais velha o seguinte ditado "os amigos são a família que escolhemos". Neste fim de semana, essas palavras da sabedoria popular fizeram muito mais sentido. Descobri que, diferente do que eu falo sempre, eu tenho sim família aqui em Brasília, e uma bem grande! Daquelas com muitos irmãos e ainda mais primos.

Não foi alguém da minha família de sangue que foi seqüestrado. Mas alguém da minha família do coração. Não havia o que pensar, somente agir e dar conta daquelas emoções todas. Liguei para outro amigo, que logo veio me encontrar. Agora não estava mais sozinha. Minha amiga, cuja família também não é daqui, também não. Fizemos tudo que podíamos para dar um pouco de conforto a ela. Dormimos os três, aqui no meu quarto e sala. O pouco espaço fez parecer que éramos uma família maior ainda.

Agora, susto superado (o meu), reflito sobre as lições que minha família do coração me dá. Outro dia escrevi sobre as lições de ver o lado bom da vida, dadas por uma amiga que está superando um câncer. Agora foi a vez desta minha amiga ser a heroína. Ouvi-la contar como conseguiu manter-se calma enquanto estava com os seqüestradores, como não entrou em pânico quando foi largada no meio de um matagal, como, no meio de tudo, ela ainda ter percebido quanto o céu estava bonito e estrelado, faz com eu tenha que eu sinta muito orgulho dela, e também de ter e de fazer parte dessa família.

Então, deixo aqui minha declaração a essa minha família: Amigos e amigas, obrigada por fazerem parte desta minha grande família. Amo vocês!