quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Uma vida que não é a sua

Hoje, no trabalho,  tive um pensamento recorrente, mas que sempre me assusta: "Estou vivendo uma vida que não é a minha". E quase que imediatamente surge a dúvida: "mas se essa não é minha vida, então qual será?".

À noite, no Clube do Choro, na companhia de amigas, tive um insight a respeito desse tema. Na verdade, vários. Ou melhor, tive uns devaneios.

O chorinho surgiu no século XIX, então lá se vão mais de dois séculos de história ligados a este gênero musical. Talvez isso, talvez o ambiente retrô, talvez as músicas de outros tempos, não sei. Só sei que nesse contexto, surgiu o primeiro insight: "talvez eu tenha vivido em outra época e a percepção de que esta não é a minha vida venha de memórias de outra vida gravadas na minha alma". 

O segundo foi: "Eu devo ter vivido na Belle Époque francesa - viver cada momento intensamente, sem se preocupar com o que virá depois. Isso explicaria minha ansiedade e a vontade de fazer tudo! Não sossegar até ficar exausta! Aí, minha amiga lembrou: "Bem, se fosse assim, você já estaria morta", remetendo ao fato de que a vida boêmia da Belle Époque levava seus seguidores a uma morte prematura. 

Foi então que surgiu o terceiro insight "Deve ser por isso que tenho tanto medo de envelhecer" e continuei "com a consciência que somente não envelhece quem morre jovem".

Como falei, bem mais que insigths, tive devaneios mesmo.

Vindo para casa, durante os 20 km que separam Brasília de Águas Claras, fiquei lembrando de tudo isso e me deu vontade de escrever. Não sei quando ou porque parei de postar aqui no blog. Só sei que, se tenho dúvidas quanto se esta é mesmo a minha vida, sei que deixar de escrever pode estar contribuindo para isso.

É preciso coragem para escrever e publicar suas próprias histórias. Ainda mais quando se é tão intimista quanto eu. Talvez o medo de me expor tenha contribuindo para eu parar com as postagens. Talvez achar que meus textos não interessam a ninguém também.

Mas chegar aqui e ver meu pequeno blog com mais de 10 mil acessos e alguns seguidores que eu não conheço, me encorajaram a escrever este texto.

Tenho 34 anos e continuo com muitas dúvidas. Não sei quem inventou que envelhecer traz sabedoria. Continuo achando que nada sei da vida. Só sei que hoje de manhã acordei com vontade de ouvir "Há tempos", da Legião e o que me vem a mente agora é "muitos temores surgem do cansaço e da solidão". Vai ver é isso. Ando cansada demais e sozinha demais.

Então, deixando os medos de lado, aqui está, uma postagem para estrear meu ano novo, que começou em 5 de setembro. Não vou prometer outras. Devaneios não me ocorrem todos os dias.



Um comentário:

  1. continue sonhando, ou devaneando! nunca sabemos direito quem somos, vamos nos descobrindo... a iaded traz sabedoria sim, mas uma sabedoria trasnformadora e pacata, que nos faz achar que sabemos menos quando cada vez sabemos mais... sei lá. Só viva. Gostei do texto :)

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